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Circunscrevendo

espaços

Circunscrevendo espaços

A indústria da música passou por um processo grandioso de transformação. Nesse processo, é possível destacar a queda na venda de fonogramas, o compartilhamento irrestrito de ficheiros musicais e a pressuposição de que o álbum estaria com os dias contados, uma vez que os consumidores teriam mais interesse em algumas das músicas do que no “pacote completo” oferecido pelo formato.

 

Mais recentemente, é possível notar que algumas tendências que deixam esse cenário mais complexo. Os discos de vinil, um suporte tido como ultrapassado, vêm ganhando uma força renovada no mercado, mostrando que as “velhas” mídias ainda possuem seu lugar frente a aparelhos de reprodução musical modernos e portáteis (Guerra, 2011; Bartmanski e Woodward, 2013; Gauziski, 2013).

 

Sobre a morte anunciada do álbum (Carvalho e Rios, 2009), mesmo que os ouvintes possam descarregar somente uma ou outra música oferecida no pacote, o formato ainda figura como um dos principais produtos da indústria fonográfica, seja em vinil, CD, MP3 ou até mesmo em fita cassete, que circula em alguns lugares

Circunscrevendo inscrições

Circunscrevendo

inscrições

Podemos tomar a ideia de álbum de música como aquele produto da indústria fonográfica que circunscreve sonora e tematicamente a criação dos músicos e apresenta uma série de características, tais como: a ordem predeterminada das faixas, a incorporação de elementos gráficos, como fontes e imagens para compor a capa, contracapa, encarte e uma certa unidade sonora ou “continuidade lógica” (Shuker, 1999; Dantas, 2005; De Marchi, 2005; Sá, 2009; Carvalho e Rios, 2009).

 

A arte da capa, um de seus elementos fundamentais, possui um papel primordial ao articular as canções no álbum com a imagem que o artista quer passar. Segundo a reflexão de Shuker (1999), por exemplo, artistas que colocam as letras de suas músicas na embalagem apontam para uma certa “seriedade” e “a iconografia das capas muitas vezes conota características do gênero da gravação”, agregando, inclusive, valor artístico ao álbum. No cenário atual, porque se acredita que esse formato cultural estaria ameaçado?

 

A resposta a essa pergunta, ainda que precise de uma boa dose de relativização, pode ser dada, em parte, pelo crescente uso dos ficheiros digitais de áudio. Na internet, seja em redes operadas por tecnologias peer -to -peer, em sites de hospedagem de ficheiros ou até mesmo em lojas virtuais, é possível descarregar músicas desagregadas do “pacote fechado” materializado pelo álbum. Ou seja, se antes estivéssemos interessados somente em uma ou outra faixa específica, era necessário pagar pelo álbum inteiro, mesmo que o produto oferecesse músicas que não eram do nosso interesse.

 

Com a possibilidade de fazermos o download somente das faixas de nossa escolha, o formato álbum estaria perdendo importância frente à realidade praticada pelos ouvintes. Além disso, os elementos gráficos e textuais do álbum, como a capa, o encarte, as letras impressas e as informações relativas à produção daquele material perderiam espaço nesses canais de circulação, nos ficheiros MP3 e nos dispositivos reprodutores que pouco privilegiam os elementos não musicais.

Remonta - Liniker e os Caramelows
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